Transforme sua história em um caminho atrativo de ver o mundo

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Outubro de 2019 — Rio de Janeiro
Liguei na hora errada?
         Naquela tarde de sábado em que fui surpreendida pela presença de um dos protagonistas da minha história, tive momentos de completo delírio, viajei em nuvens, respirei o perfume dos ares do Paraíso, alcancei as estrelas e flutuei bem perto da Lua. As palavras não se faziam claras, somente meus sentidos palpitavam.
        Meu filho, Leonardo, então, teve a magnífica ideia de sairmos para comemorar em um restaurante, após o lançamento do meu primeiro livro autobiográfico. É claro, Flávio tinha de ser convidado, e é claro, Flávio tinha de aceitar o convite.
        Foi uma noite muito agradável em que, vez ou outra, eu me beliscava para ver se estava acordada mesmo. Flávio, ali, comigo, depois de tantos anos. Leonardo se superou na surpresa. Talvez para compensar sua implicância, ou, por que não dizer, preconceito em relação ao amigo do vôlei, causada pela diferença de idade de Flávio em relação à minha. Ele é nove anos mais novo do que eu. No entanto, esse era um detalhe que eu e Flávio não notávamos.  Então, no lançamento do meu livro, meu filho aproximou Flávio de mim, ou, por que não dizer, trouxe Flávio para mim. O único problema é que eu estava por fora da vida dele durante todo esse tempo, quase vinte anos.
        Fomos todos para um restaurante próximo da livraria onde eu havia lançado o livro e registrado alguns autógrafos e agradecimentos: Leonardo, a namorada Joana, minha neta Lilian, de dezessete anos, minha amiga Mariete, alguns amigos de Leo, que foram me prestigiar, e Flávio. Nós nos distribuímos ao redor da mesa na hora de nos sentarmos e Flávio procurou, disfarçadamente, como era de seu jeito, uma cadeira em frente a mim. Assim, pudemos conversar e trocar olhares fugidios com frequência. Os cabelos lisos de Flávio agora estavam mais charmosos pelo tom grisalho que se misturava com alguns fios escuros. O sorriso era o mesmo, o movimento dos ombros também, e o olhar, ah, o olhar, talvez estivesse agora mais profundo e avassalador do que nos velhos tempos.
        Esses são os primeiro parágrafos do meu livro A Deusa & o Avatar.  Como podemos ver, o texto inicia com uma data e um título. A data contextualiza o período de tempo em que esse capítulo toma lugar. O título chama a atenção, entre outras particularidades,  para o que iremos encontrar nesse texto. Então, o texto começa com a primeira informação:
        “Naquela tarde de sábado em que fui surpreendida pela presença de um dos protagonistas da minha história, tive momentos de completo delírio, viajei em nuvens, respirei o perfume dos ares do Paraíso, alcancei as estrelas e flutuei bem perto da Lua. As palavras não se faziam claras, somente meus sentidos palpitavam.”
        Todo texto tem uma primeira informação, e assim são todas as histórias que contamos. Depois, segue a segunda, terceira e quantas forem relevantes para o desencadear da história e para despertar o interesse do leitor nos acontecimentos que irão se desenrolar.
        Se você tem o desejo de transformar sua história em um livro, você tem que escrever para chamar a atenção do leitor e para que ele continue com você até o final da história.
       Mas, não se preocupe em agradar seu leitor e, sim, em fazer da sua escrita um caminho atrativo de acordo com seu estilo de ver o mundo. Você só atrairá os olhos curiosos de quem estiver na mesma sintonia que você. Que bom! Não é mesmo?
       Assim, sua história flui na vibração do seu desejo de alcançar quem quer lhe ouvir,  conversar com você, com seus personagens, e até fazer parte da trama.

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